Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética. Che Guevara

domingo, 13 de dezembro de 2009

Meu vazio

E naquele instante em que a dor psicológica torna-se física
Em que as lagrimas desenham na face o único movimento daquela paisagem inerte
Fatos aleatórios parecem pouco contribuir para aquela cena
Dançam os ponteiros
Mas nada muda
Nenhum movimento
Nenhuma palavra
Nenhuma expressão
Nada novo
Uma voz surge ao longe
Com a força necessária para desencadear mais uma seção de tortura
Com todas as forças busco o que penso ser minha ultima respiração
Contorcendo-me tento livrar-me da pressão insuportável em meu peito
A voz se afasta e o vazio novamente me massacra
Os músculos se mexem para manter-me viva
Mas a alma não pode mais lutar
Os olhos fitam algo inexistente
O corpo vazio passa a ser preenchido
A boca sente-se acompanhada e retribui as caricias
O coração finalmente tranqüilo volta a bater
As lagrimas já não são as responsáveis por aquele momento
Um sorriso se ensaia, mas os lábios estão ocupados
Um raio de luz passa pela janela
Tocando-me a pele de maneira acolhedora
Os olhos abrem-se radiantes
Mas nada está ali
A cortina, o abajur, os lençóis
Aquele velho quarto escuro e decorado em cores tristes
Tudo exatamente igual
Os ponteiros movimentam-se lentamente marcando a mesma hora do dia anterior
O antigo alarme já bem conhecido despertando para a realidade
Mais uma vez cabe a meus músculos a tarefa de manter-me viva
O físico vagarosamente passa a responder
E minha alma como tanto havia ensaiado não se importa mais e sutilmente disfarça o vazio em que se transforma .

Cássia Tavares

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