Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética. Che Guevara

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Muda.

Mil pensamentos voam
Palavras insuficientes
Malditos dias
De razão inexistente

E fez-se silencio
Partiu de repente
Qualquer assunto
Tornou-se incoerente

Não me queiras mal
Não me falta boa vontade
Simplesmente não cabe agora
Falarmos de saudade

E do lirismo planejado
Fiz-me vítima
Do discurso encomendado
Fiz minha própria agonia

E se escrever sobre amor for então minha sina?
Se de verso em verso vou perdendo a rima?
Se de fato descobrir que andei enganada?
Pois no fim das contas já não digo nada.

Cássia Tavares.

terça-feira, 5 de abril de 2011

17h. Segunda-feira. Olho no relógio, massageio a ponte do nariz e deixo de lado o grande livro de matemática. Malditos números, penso, nunca usarei eles pra nada. Caminho até o banheiro e encaro meu rosto no espelho. Bufo. Jogo água no rosto e seco com a toalha. Olho de novo para o espelho e noto que tem um “queixo na minha espinha”. Minhas olheiras parecem  dois socos embaixo dos meus olhos e ao soltar meu cabelo noto que ele está marcado. “Perfeito. Tudo o que eu precisava”. Caminho de volta para o quarto e olho o relógio; 17:30. Xingo baixo, pego um casaco – pelo frio que fazia lá fora - e saio correndo, mas paro de repente. “Merda, merda mesmo” penso enquanto volto e pego na gaveta o maço de cigarros, já pela metade. Enquanto saio de casa faço o coque mais desajeitado do mundo na cabeça e acendo um cigarro. Após algumas quadras chego na pequena praça. Sento no grande banco de metal e espero. Acendo outro cigarro e espero. Após meia hora, minhas mãos soam e acendo mais um – e prometo a mim mesma que o ultimo. Ao avistar a grande figura morena, imediatamente apago-o na sola da bota.
- Não tenta esconder, eu vi. Quando tu vai parar com essa porra hein?
Dou uma risadinha melancólica.
- Então – disse sentando-se ao meu lado – o que houve?
Olhei para o céu, para as poucas pessoas que ali passavam, para o chão. Só não olhei para os olhos que sempre gostei de encarar.
Sinto um toque leve e breve em minha mão e levanto os olhos. Vejo um sorriso lindo e verdadeiro na minha frente. Não consigo não sorrir junto.
- Por que isso acabou? – sinalizo nós – Era tão bom... Fácil... Natural... Hoje eu fico quase 18 horas por dia focada em algo que não entendo e nem quero. Passo sozinha todos os dias... Nunca me senti mais isolada, sem ninguém...
Só notei que estava chorando quando recebo um beijo na bochecha, para limpar uma lágrima que teimou em escapar de meu olho. Olho para minhas mãos e não resisto. Beijo aquela mesma boca.
- Desculpa. Eu não sei o que hou...
Sou interrompida. Por outro beijo. Com uma intensidade um tanto quanto... Boa.
- Meus pais estão viajando. Vâmo lá pra casa.
Levantei e passei o braço na cintura de quem eu mais precisava. Não importava para mim se fosse para sempre, ou só naquela noite.


ps. Modifiquei do texto original, por motivos de que não tô afim de aturar algumas coisas aí. Caso alguém queira a versão original, é só falar cmg que eu passo rs. (me senti importante falando isso)