Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética. Che Guevara

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sento em minha cadeira e fico encarando pilhas de cadernos e livros. Indiferente, bebo um gole do amargo café, que desce queimando minha garganta. Meus olhos vão para todos os lados focando nas fotos de meus amigos, nos meus ursos de pelúcia, a série que está passando na tv. Fujo de uma pequena palavra que intitula os livros ali na estante, prevendo a reação que minha mente inquieta. Porém não só aquelas nove letras incitam sensações de medo. Levanto e fico olhando pela janela, tamborilando os dedos no parapeito. Bufo e desisto de continuar ali.
Caminho na rua com óculos escuros e fones de ouvido, com o volume no máximo. Faço de propósito, justamente para criar um escudo, onde eu só me ouço, ao invés de ouvir o barulho de carros e outras pessoas apressadas na rua. Ali sim, deixo que a bendita palavra invada minha mente. "Terceirão". Por que só isso causa em mim reações físicas - mãos suadas e trêmulas - e psicológicas - nostalgia, medo e temor?
Sinto cada vez mais a indiferença tomando conta de mim. Seria para fantasiar o medo? Ou pra tentar tirar todos esses pensamentos insanos de minha vazia cabeça? Talvez um esvazie minha cabeça, penso.
Sento numa mesa com vista para a rua. Cada vez que alguém caminhava por ali com um livro embaixo do braço fazia a mesma promessa mentalmente: A partir de amanhã começo a estudar. E cada vez mais sei que estou só me enganando. O fato é que eu quero uma universidade boa e concorrida. E não faço nada por isso. Até por que, tudo conspira para que essa aprovação - e toda a realização de planos e sonhos cultivados durante anos - realmente não ocorra.
Termino o maldito capuccino, que apenas me fez pensar mais, e parto rumo a minha casa, onde certamente, se eu não criar vergonha na cara, continuarei a encarar aquelas nove letras.