Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética. Che Guevara

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

o que seria da vida sem a morte?

enfim, é sem palavras que dou por fim meu ciclo aqui. foi melhor que eu jamais pude imaginar, mesmo obtendo comentários e reconhecimento só de amigos. nunca imaginei que em quase três anos eu receberia quase 2500 visitas. principalmente obter tudo isso ao lado de uma pessoa tão maravilhosa quanto a cássia.
não teria alguém mais pra dividir isso comigo se não a pessoa que tava aqui no meu coração, que ja faz parte de mim que ela. simplesmente não tenho como agradecer, e apenas aguardar.
mas, já tava mais que na hora de cada uma cuidar do seu próprio blog, depois de uma experiencia tão boa quanto essa.
obrigada a vc, um dos 3 leitores do blog rs
érica 

terça-feira, 9 de agosto de 2011

casa de repouso

Vazia. É a única palavra encontrada para me definir hoje. Vazia como o comodo vazio onde me encontro todos os dias. Mas ao mesmo tempo entorpecida. Os bons livros não me chamam como costumavam e os solos de guitarra não liberam mais endorfina em mim. Não importa. Nada mais importa. Os sonhos despedaçados guardados em uma gaveta esperando por uma super cola pararam de me atormentar tanto quanto os melhores amigos inventados por uma mente insana e confusa. Preciso sair daqui, fugir dessas paredes brancas do lugar onde controlam o incontrolável, o inevitável. Quero eu tomar meus remédios, na mesma abundância de antes, para terminar com aquelo que nunca existiu de verdade, aquilo que é só uma estorinha trágica e falsa criada por uma força maior.
Quero que tudo pare de doer, quero dormir, quero ir embora, para sempre.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"Agora entendo por que sempre narro meu dia a dia como um livro na minha mente. Não quero encarar a realidade; a realidade que tudo aquilo que mais me importava, tá desmoronando."

Fechou a moleskine surrada, deixando escapar uma lágima na capa de couro e fez o que estava a seu alcance: melhorou o seu dia a dia e de todos com uma simples caixa de rivotril.

domingo, 31 de julho de 2011

4 AM

O relógio marca alta madrugada
Vem o cansaço e seus fantasmas
Assombrar-me os pensamentos
Genuína solidão
Dançando com seus demônios
Melodia frenética, constante
As horas já não passam
Os relógios parecem não se mover
No espelho o tempo voa
No reflexo o tempo chora
O tempo é chuva lá fora.

Cássia Tavares.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Domingo

A cerração desceu, a temperatura baixou, as folhas caíram e eu continuo aqui. Esperando. Quando você vem? Preciso de um ombro para chorar e conselhos para conseguir continuar. Na escola tá difícil, o vestibular tá cada vez mais perto e a cabeça cada vez mais vazia. Não saí mais fotos, não saí texto, não sai poesia, não sai rock; a inspiração acabou. A série favorita não volta mais, o tédio tá difícil, a noite é cada vez pior. Não arrisco no amor – afinal, não vale a pena arriscar em algo que se sabe que não vai dar em nada, não suporto mais o pudor. As pessoas me irritam e os livros não gostam mais de mim. O fim de semana acabou, tem prova da Maria amanhã e eu não sei a ordem de medida agrária! Por favor, não demora, tô com sono, com vontade de chorar e preciso beber.Perdi meu isqueiro, tô com uma meia de cada par e meu tênis tá furado. Perdi toda mesada no pôquer e no bar, apostei até meu Rivotril. Segredos perdeu a graça, Fito Paes ficou ruim. A praça esvaziou, meu cigarro acabou e meus créditos também. E eu não sei onde eu tô!


ps. Segredos não perdeu a graça e Fito Paes não ficou ruim.
na Gaveta
dos adesivos nunca usados,  
das cartas nunca enviadas, 
dos contos e poesias nunca encontrados,
do tempo nunca aproveitado,
das músicas nunca cantadas,
das fotografias nunca tiradas,
das lágrimas nunca choradas,
dos sorrisos nunca dados,
das lições nunca aprendidas,
dos machucados nunca sarados,
de uma vida nunca vivida
há um bilhete nunca visto
com a explicação nunca dada
sobre o que muitos - ou poucos - nunca aceitarão.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Hoje acabo com minha autopiedade
Por ser capaz somente de nutrir o ódio
Abrigá-lo em minhas veias como veneno
Com amor, com o calor do meu corpo

- estranha dependência -
Encaro hoje minha sentença
Triste escrita
Irregular, restrita

Cai na desgraça de Narciso
Busquei palavras que me definissem
Que aplacassem o ódio e o descaso
Que me define hoje? Derrota? Cansaço?

Desperdiçando palavras em frente ao espelho
Recorro ao dicionário para oferecer ajuda
Aos livros para oferecer amor
E a culpa? Não encontrei bula que aplacasse essa dor.

Cássia Tavares.

terça-feira, 24 de maio de 2011

No peito havia um coração
- ou pensava que ainda havia -
batia tão descompassado
e hoje parecia tão cansado.
Os olhos vidrados
encaravam o teto e
a boca seca implorava
pelo vinho que ali pousava.
E na cabeça?
Ali havia nada mais que
a mais pura insanidade.
Ao ouvir a revoada dos pássaros
sentiu o coração chorar;
parando aos poucos
enquanto sua loucura via a vida passar:
Aquela vida que quis ter,
que sonhou em ter.
Viu tudo ali morrer,
segurando o lençol branco
como se esperasse que com sua pouca força
não a levariam.
Tentava deixar a alma ali,
prometendo refazer a vida, lutar pelos sonhos.
Mas a morte disse que não há mas tempo.
Morreu ali, velha e moribunda.
Viveu uma vida automática,
sem esperança.
Se arrependeu e nunca pode voltar atrás.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sophia olhava para a sala vazia. Sem os móveis, estantes e posters o lugar parecia... Sem vida. As caixas se espalhavam a seu redor, quase todas já fechadas. As únicas que estavam abertas eram aquelas que abrigavam a base da vida dela: os álbuns de fotografia, os cadernos com textos e poemas e contos. Foram eles que seguraram ela durante esses quase seis anos. Sorria ao ler o que escrevia no auge de seus 15 anos. Sempre com um quê de Trevisan. Quando folheava os três livros inacabados, sorria por seu recém publicado. Afinal tinha conseguido tudo o que queria: O livro publicado, estava muito bem com Fernando e finalmente moraria em Porto Alegre. Mas ela não tinha noção do quão difícil era abandonar seu lar. Enxugou uma lágrima solitária que correu por seu rosto e terminou de embalar as coisas. Tinha que deixar o apartamento ainda hoje.

            Quando Fernando chegou, Sophia estava parada no meio da sala com uma mochila a seus pés. Ele ficou observando-a durante alguns minutos.
            - Tas calado hoje – ela estava rouca, como se não falasse a bastante tempo.
            - Só vim ver se tu tava bem.
            Ela se virou e sorriu pra ele, que abria os braços. Correndo, ela se atirou nele, quase o derrubando.
            - É muito... É difícil sair daqui. Um ano atrás eu planejava manter isso tudo. Me livrar disso é como arrancar um pedaço do meu coração. É... É estranho.
            - E compreensível. Qual é Sophia. Os melhores momentos da tua vida tu viveu aqui.
            - Eu sei...
            - E foi tua escolha vender o apartamento.
            Era verdade. Foi como o ultimo ato para se livrar do passado, da parte pesada que ainda ficava sobre ela. E ele sabia disso, mesmo sem perguntar. Mas mesmo assim era difícil. Notando as lágrimas nos olhos dela, Fernando tentou consolar-la.
            - Ei Soph... Pelo menos tu conhece quem comprou. Podes vir aqui matar a saudade. E eu te ajudo a fazer uma réplica exata lá em Porto Alegre.
            Ela riu. Levantou o rosto e ficou olhando para ele.
            - Eu não sei o que seria sem ti. Te amo tanto.
            Ele sorriu e a beijou, passando a mão pelos cabelos dela, do jeito que ela gostava.
            - Sophia – disse ele contra a boca dela – eu odeio interromper isso, mas eu tenho que fazer algumas fotos em quatro horas, então temos que ir.
            Ela respirou fundo e assentiu. Fernando pegou a mochila dela do chão e passou o braço por sobre os ombros dela. Do elevador, via sua sala. E ali, quase podia ver aquela Sophia loira desaparecendo aos poucos enquanto a porta de fechava, deixando ali a maioria dos monstros que a acompanharam durante todo esse tempo.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Soneto(?) de uma aula qualquer...

O que era sentimento
Tornou-se mecânico
Morreu na rotina
O desejo humano

Outro dia no calendário
Outra noite, sorriso raro
Riscam-se agendas
Aperta-se o passo

Se por hora o tempo corre
Não culpes a vida
Não culpes a morte

Se por hora não tens descanso
Pra tudo há remédio
Em tudo há encanto.

Cássia Tavares.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Muda.

Mil pensamentos voam
Palavras insuficientes
Malditos dias
De razão inexistente

E fez-se silencio
Partiu de repente
Qualquer assunto
Tornou-se incoerente

Não me queiras mal
Não me falta boa vontade
Simplesmente não cabe agora
Falarmos de saudade

E do lirismo planejado
Fiz-me vítima
Do discurso encomendado
Fiz minha própria agonia

E se escrever sobre amor for então minha sina?
Se de verso em verso vou perdendo a rima?
Se de fato descobrir que andei enganada?
Pois no fim das contas já não digo nada.

Cássia Tavares.

terça-feira, 5 de abril de 2011

17h. Segunda-feira. Olho no relógio, massageio a ponte do nariz e deixo de lado o grande livro de matemática. Malditos números, penso, nunca usarei eles pra nada. Caminho até o banheiro e encaro meu rosto no espelho. Bufo. Jogo água no rosto e seco com a toalha. Olho de novo para o espelho e noto que tem um “queixo na minha espinha”. Minhas olheiras parecem  dois socos embaixo dos meus olhos e ao soltar meu cabelo noto que ele está marcado. “Perfeito. Tudo o que eu precisava”. Caminho de volta para o quarto e olho o relógio; 17:30. Xingo baixo, pego um casaco – pelo frio que fazia lá fora - e saio correndo, mas paro de repente. “Merda, merda mesmo” penso enquanto volto e pego na gaveta o maço de cigarros, já pela metade. Enquanto saio de casa faço o coque mais desajeitado do mundo na cabeça e acendo um cigarro. Após algumas quadras chego na pequena praça. Sento no grande banco de metal e espero. Acendo outro cigarro e espero. Após meia hora, minhas mãos soam e acendo mais um – e prometo a mim mesma que o ultimo. Ao avistar a grande figura morena, imediatamente apago-o na sola da bota.
- Não tenta esconder, eu vi. Quando tu vai parar com essa porra hein?
Dou uma risadinha melancólica.
- Então – disse sentando-se ao meu lado – o que houve?
Olhei para o céu, para as poucas pessoas que ali passavam, para o chão. Só não olhei para os olhos que sempre gostei de encarar.
Sinto um toque leve e breve em minha mão e levanto os olhos. Vejo um sorriso lindo e verdadeiro na minha frente. Não consigo não sorrir junto.
- Por que isso acabou? – sinalizo nós – Era tão bom... Fácil... Natural... Hoje eu fico quase 18 horas por dia focada em algo que não entendo e nem quero. Passo sozinha todos os dias... Nunca me senti mais isolada, sem ninguém...
Só notei que estava chorando quando recebo um beijo na bochecha, para limpar uma lágrima que teimou em escapar de meu olho. Olho para minhas mãos e não resisto. Beijo aquela mesma boca.
- Desculpa. Eu não sei o que hou...
Sou interrompida. Por outro beijo. Com uma intensidade um tanto quanto... Boa.
- Meus pais estão viajando. Vâmo lá pra casa.
Levantei e passei o braço na cintura de quem eu mais precisava. Não importava para mim se fosse para sempre, ou só naquela noite.


ps. Modifiquei do texto original, por motivos de que não tô afim de aturar algumas coisas aí. Caso alguém queira a versão original, é só falar cmg que eu passo rs. (me senti importante falando isso)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Sento em minha cadeira e fico encarando pilhas de cadernos e livros. Indiferente, bebo um gole do amargo café, que desce queimando minha garganta. Meus olhos vão para todos os lados focando nas fotos de meus amigos, nos meus ursos de pelúcia, a série que está passando na tv. Fujo de uma pequena palavra que intitula os livros ali na estante, prevendo a reação que minha mente inquieta. Porém não só aquelas nove letras incitam sensações de medo. Levanto e fico olhando pela janela, tamborilando os dedos no parapeito. Bufo e desisto de continuar ali.
Caminho na rua com óculos escuros e fones de ouvido, com o volume no máximo. Faço de propósito, justamente para criar um escudo, onde eu só me ouço, ao invés de ouvir o barulho de carros e outras pessoas apressadas na rua. Ali sim, deixo que a bendita palavra invada minha mente. "Terceirão". Por que só isso causa em mim reações físicas - mãos suadas e trêmulas - e psicológicas - nostalgia, medo e temor?
Sinto cada vez mais a indiferença tomando conta de mim. Seria para fantasiar o medo? Ou pra tentar tirar todos esses pensamentos insanos de minha vazia cabeça? Talvez um esvazie minha cabeça, penso.
Sento numa mesa com vista para a rua. Cada vez que alguém caminhava por ali com um livro embaixo do braço fazia a mesma promessa mentalmente: A partir de amanhã começo a estudar. E cada vez mais sei que estou só me enganando. O fato é que eu quero uma universidade boa e concorrida. E não faço nada por isso. Até por que, tudo conspira para que essa aprovação - e toda a realização de planos e sonhos cultivados durante anos - realmente não ocorra.
Termino o maldito capuccino, que apenas me fez pensar mais, e parto rumo a minha casa, onde certamente, se eu não criar vergonha na cara, continuarei a encarar aquelas nove letras.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Música.

Há alguns anos essa música entrou na minha vida. Passou pela porta, sala, cozinha. Marcou as paredes. Encheu a casa de morte e vida. Uma música que não sabe ser sutil. É ardente, intensa. Dispensa as apresentações, mas é profunda como se tivesse sido arrancada das minhas próprias mãos. Durante o dia ela é suave. À noite quase me enlouquece. Engole meu sono, mastiga meus pensamentos. A música dele não tem refrão. Ela em si é um refrão que ecoa em minha cabeça, através de uma voz que me causa medo. Arrepio. Seus acordes me doem. Me ardem. A música dele é uma contradição. Me aquece nas noites vazias e frias, mas só existe por que ele não está aqui. Os seus passos, seu toque, seu cheiro, seus olhos, fragmentos de sua arte que formam minha melodia preferida. E, no entanto, consigo senti-la com tanta paixão por que ele não está aqui.

Cássia Tavares.

domingo, 16 de janeiro de 2011

            Só lhe restava a camisa preta, aquela do primeiro encontro e a vista linda que tinha da janela do apartamento de Alice. Às vezes bebericava uma lata de coca – que, na verdade, era mais vodka que refrigerante. Cheirava o perfume que ele deixara na camisa, o sentia abraçando-a, sussurrando em seu ouvido sobre a beleza das estrelas e  o via pegando a lagrima que caíra de seu olho com o dedo indicador. Maldita ilusão!, pensou ela, desde o início foi ilusão minha! Sempre fui o brinquedo dele!
            Pegou a garrafa de vodka e virou-a. Enquanto sentia aquela sensação quente e boa descendo por sua garganta, vestiu um jeans qualquer, pegou uma nota de 100 reais e saiu. Com a camisa preta de Fernando – abotoada errada, chinelos de dedos, um coque desajeitado no cabelo loiro, que já estava com a raiz castanha. E tinha um destino certo.

E

domingo, 2 de janeiro de 2011

Gavetas, folhas e planos...

Vasculhando minhas gavetas, revivendo um pouco do meu passado percebi que muitas coisas vão perdendo o sentido com o tempo. Quando eu era criança costumava guardar os adesivos que ganhava para usar em algum momento especial. Ou separar as folhas de fichário que eu mais gostava para usar quando escrevesse algo para alguém especial. Acabei encontrando tudo isso jogado no fundo de uma gaveta esperando por esse tal momento especial que nunca veio. As folhas amarelaram e os possíveis destinatários mudaram. As ocasiões em que eles deveriam ter sido usados passaram e eu sempre os guardando esperando por algo maior. Eu sei que são apenas adesivos e folhas mas quantas coisas deixamos de fazer por medo de realizá-las no tempo errado. Por nos julgarmos adiantados ou atrasados para correr atrás daquilo que realmente nos motiva. Quantas palavras deixamos de dizer à espera da segurança, da hora certa e quando percebemos ela já passou e levou junto todos os sentimentos à serem expressos. Tantos momentos deixamos de viver a cada dia e nos assumimos como meros espectadores da nossa própria existência, presos em outro tempo, em outras circunstâncias, em nossos planos ou ressentimentos. Não quero me despedir desse mundo com uma coleção de folhas ou adesivos e sim com várias cartas enviadas e uma porção de experiências, boas ou ruins não importa apenas vivenciadas por completo.

Cássia Tavares.