Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética. Che Guevara

domingo, 31 de julho de 2011

4 AM

O relógio marca alta madrugada
Vem o cansaço e seus fantasmas
Assombrar-me os pensamentos
Genuína solidão
Dançando com seus demônios
Melodia frenética, constante
As horas já não passam
Os relógios parecem não se mover
No espelho o tempo voa
No reflexo o tempo chora
O tempo é chuva lá fora.

Cássia Tavares.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Domingo

A cerração desceu, a temperatura baixou, as folhas caíram e eu continuo aqui. Esperando. Quando você vem? Preciso de um ombro para chorar e conselhos para conseguir continuar. Na escola tá difícil, o vestibular tá cada vez mais perto e a cabeça cada vez mais vazia. Não saí mais fotos, não saí texto, não sai poesia, não sai rock; a inspiração acabou. A série favorita não volta mais, o tédio tá difícil, a noite é cada vez pior. Não arrisco no amor – afinal, não vale a pena arriscar em algo que se sabe que não vai dar em nada, não suporto mais o pudor. As pessoas me irritam e os livros não gostam mais de mim. O fim de semana acabou, tem prova da Maria amanhã e eu não sei a ordem de medida agrária! Por favor, não demora, tô com sono, com vontade de chorar e preciso beber.Perdi meu isqueiro, tô com uma meia de cada par e meu tênis tá furado. Perdi toda mesada no pôquer e no bar, apostei até meu Rivotril. Segredos perdeu a graça, Fito Paes ficou ruim. A praça esvaziou, meu cigarro acabou e meus créditos também. E eu não sei onde eu tô!


ps. Segredos não perdeu a graça e Fito Paes não ficou ruim.
na Gaveta
dos adesivos nunca usados,  
das cartas nunca enviadas, 
dos contos e poesias nunca encontrados,
do tempo nunca aproveitado,
das músicas nunca cantadas,
das fotografias nunca tiradas,
das lágrimas nunca choradas,
dos sorrisos nunca dados,
das lições nunca aprendidas,
dos machucados nunca sarados,
de uma vida nunca vivida
há um bilhete nunca visto
com a explicação nunca dada
sobre o que muitos - ou poucos - nunca aceitarão.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Hoje acabo com minha autopiedade
Por ser capaz somente de nutrir o ódio
Abrigá-lo em minhas veias como veneno
Com amor, com o calor do meu corpo

- estranha dependência -
Encaro hoje minha sentença
Triste escrita
Irregular, restrita

Cai na desgraça de Narciso
Busquei palavras que me definissem
Que aplacassem o ódio e o descaso
Que me define hoje? Derrota? Cansaço?

Desperdiçando palavras em frente ao espelho
Recorro ao dicionário para oferecer ajuda
Aos livros para oferecer amor
E a culpa? Não encontrei bula que aplacasse essa dor.

Cássia Tavares.