Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética. Che Guevara

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Redenção

Fiquei horas sentada naquele mesmo banco na redenção. Fitando as árvores e as pessoas descontraídas a volta, como se cada folha que caia no chão carregasse as respostas que eu tanto buscava. Algo me dizia que seria ali o nosso encontro, há tantos anos marcado. Ignorei os chamados ao redor, na tentativa de passar o maior tempo possível sentada ali, esperando algum sinal de que eu finalmente estava certa, algum sinal da sua presença que é tão intensa nessa cidade.

Algo muda em mim toda a vez que eu venho aqui. Não sei explicar o que é. E muito menos sei explicar porque acontecimentos que parecem tão insignificantes desencadeiam em mim uma imensa e dolorosa saudade de coisas que eu nem sequer vivi.

Eu sabia, era óbvio! Como pude ser tão ingênua, tão infantil a ponto de realmente acreditar que tu estarias aqui. No caminho de volta ao hotel fui praguejando contra minha própria estupidez, enquanto disfarçava meus impulsos de olhar para todos os lados, buscando seus passos. Enquanto as últimas esperanças se perdiam nas esquinas.

Não estou verdadeiramente nesse lugar. Ou melhor, estou sim, nesse exato lugar. Porém observo as coisas com um olhar totalmente diferente, outra perspectiva. Deparo-me com outras pessoas ao redor, outras prioridades e compromissos. Outra vida. Alguns anos à frente percorro as mesmas ruas e outros olhares. Minha mente experimenta sensações que meu corpo jamais conheceu.

De súbito dei-me conta que já ia passando da entrada do hotel. Entrei, subi as escadas com pressa. Não sei de que. Acendi as luzes numa tentativa frustrada de amenizar a solidão. Recostei-me na cama e liguei a TV, sem que nada me chamasse verdadeiramente atenção. Acabei me rendendo ao sono, que me levou de volta ao meu lugar, ao meu tempo, a minha vida.

“Vivendo o que penso enquanto penso que vivo.”


Cássia Tavares.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Hoje escrevo cartas para destinatarios inexistentes, enquanto outrora as jogava às quatro direções, para que todos as vissem. E gostava disso, quase como um voyeurismo. Mas hoje já não me agrada tanto assim. Apenas sentir a caneta deslisar por uma folha em branco e ouvir seu suave som contra o papel enquanto forma letras e palavras já me deixa felicíssima. Já quis viver desta queria forma de expressão, já nos dias de hoje, de nada mais sei. Afinal, quem sou eu se não uma simples adolescente de 15 anos, tendo que decidir toda uma vida em um período tão curto de tempo? É impossivel. Já dizia Humberto Gessinger: Alguma coisa ficou para trás, antigamente eu sabia exatamente o que fazer. Sei o que ficou para trás: meus sonhos, soterrados em promessas falhas que fiz a mim mesma.

E

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ensino.

As palavras não fluem como deveriam.
Talvez seja o sono.
Ou o puro reflexo da confusão em minha mente.

Vejo os meus desejos e sonhos escaparem das minhas mãos.
Meus passos seguem um rumo contrário ao de meus pensamentos
Enquanto o lápis se movimenta desordenado.

Tudo está aparentemente no mesmo lugar em que sempre esteve.
Então por que nada parece certo?

As classes ao redor estão cheias de teorias e verdades.
Todos cheios de opinião.
Suas almas seguem vazias.
Talvez para a maioria das pessoas isso nem importe.

Convictos de suas necessidades todos seguem esse caminho.
Dizem que a cada dia nossos objetivos estão se tornando mais próximos.
Então, porque me sinto indo para lugar nenhum, cada vez mais perto de nada?

Cássia Tavares.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Em meu peito? Não sinto nada. Parece que meu coração foi arrancado pelas garras de algum tipo de animal violento. Não consigo respirar, sinto que estou afundando em algum tipo de precipício sem fim. Não ouço as pessoas em minha volta, gritando assustados. Não sinto os mesmos me sacudindo, desesperadamente.
O mais estranho é que não sinto nada além de paz. Paz, calma e felicidade. Nada mais me abala, nada mais me preocupa. Não choro por nenhum relacionamento nem por pessoas falsas. Não me importo mais com mentiras ou verdades. Não quero mais saber dos meus problemas, muito mais pelos problemas dos outros.
Estou indo para o meu recanto feliz.


érica.